A banalidade da profissão

Ricardo Albuquerque

Por 8 votos a 1, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram na sessão de quarta-feira (17) que o diploma de jornalismo não é obrigatório para exercer a profissão. Para o relator Gilmar Mendes, danos a terceiros não são inerentes à profissão de jornalista e não poderiam ser evitados com um diploma. Ele acrescentou que as notícias inverídicas são grave desvio da conduta e problemas éticos que não encontram solução na formação em curso superior do profissional.

O ministro disse ainda que as próprias empresas de comunicação devem determinar os critérios de contratação. O único voto contrário no julgamento foi dado pelo ministro Marco Aurélio. Ele alegou que a exigência do diploma existe há 40 anos e acredita que as técnicas para entrevistar, editar ou reportar são necessárias para a formação do profissional.

Na verdade, os desafios do jornalista são muito maiores do que os de obter um diploma. Envolvem formação permanente, senso ético, boa escrita e cultura em geral e trato amigável com o idioma. A formação do jornalista exige dedicação integral. Já o aprendizado da técnica jornalística se aprende em dois meses. Mas o jornalismo não se resume a isso. A questão é mais complexa, já que lixeiros precisam ter o ensino fundamental e operadores de telemarketing precisam ter o ensino médio.

No jornalismo, existem profissionais formados, com boa noção cultural, mas sem emprego por falta de experiência. E quando conseguem uma entrevista, algumas empresas oferecem salário de R$ 800. Com a decisão do STF, a coisa vai piorar, a classe ficará mais desunida, desiludida, e com salários ainda mais vergonhosos. Agora, qualquer um pode ser jornalista. A anarquia começou, comecem a dançar.

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